terça-feira, fevereiro 13, 2007

Notas






Corinthians x São Paulo


A vitória do São Paulo sobre o Corinthians, no último domingo, foi natural, considerando-se as enormes diferenças que há entre os dois clubes, mais que entre os dois times. O Tricolor vive um momento completamente oposto ao do Timão. E não se trata de uma fase, esse jargão impreciso do futebol, amplamente utilizado sem a devida meditação sobre suas causas. O São Paulo é simplesmente mais organizado que o Corinthians. Ponto.
Enquanto a diretoria de um é extremamente atrapalhada e envolvida em negociações com “investidores suspeitos”, tumultuando o ambiente de trabalho dos jogadores ao dar margem às justas investigações da Imprensa, a do outro é ágil, contratando e substituindo rapidamente jogadores à altura de figuras importantes do seu elenco que tiveram de ser negociadas, a exemplo do que ocorreu com Mineiro substituído por Fredson.
Fora isso, o time do São Paulo é mais organizado e está, pela própria circunstância pela qual passa, com os nervos no lugar. O Corinthians, ao contrário, demonstrou, pela segunda vez, descontrole, quando em desvantagem no placar. Parece-me muito óbvia a auto-estima abalada da equipe pelo tabu de doze jogos sem ganhar do São Paulo, completados no confronto em questão.
E o São Paulo lembra a organização de alguns times europeus que se apóiam na qualidade do seu conjunto mais que no fato de terem estrelas no elenco. Mas, ainda nesse quesito, o São Paulo é individualmente melhor que o Corinthians – pelo menos o Corinthians que entrou em campo no domingo passado, sem Nilmar e Amoroso, que poderiam equilibrar um pouco mais as coisas, em tese.
A regularidade do São Paulo, portanto, é fenômeno complexo que amplia a duração de sua boa “fase”.


Romário e os mil gols


Não se discute a contribuição de Romário para o futebol mundial. Foi - e é, principalmente considerando sua idade - um atacante raro, que tinha tudo, do ponto de vista físico, para não dar certo no futebol. Não fosse o fato paradoxal de também fisicamente ter sido beneficiado pela velocidade impressionante do início de carreira e uma inteligência cinestésica que só poucos nos esportes possuíram e possuem. A capacidade de finalização de Romário, hoje em dia observada apenas quando não tem bons marcadores a vigiá-lo, é tida como sem parâmetro de comparação no exercício da função de centroavante dentro da grande área. Que é um gênio, cujas pernas somente não obedecem mais, não resta dúvida. Mas é triste observar como ensejou críticas que fazem dos seus últimos dias no futebol um espetáculo deprimente.
Gosto muito do Romário, mesmo com toda sua idiossincrasia, e acho, sinceramente e sem querer decretar que já deveria ter parado, porque isso é problema dele, que a tentativa de glamourizar sua caminhada aos mil gols tem se tornado apenas uma tragicomédia que, por mais seja isso lugar-comum, desrespeita sua história.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Futebol Filosófico (Epistemologia, Heurismo e Consciência Tática)

Depois dessa, tenho que voltar a postar, sem dúvidas.


Quem disse que futebol "são vinte e dois idiotas correndo atrás de uma bola" não compreendeu a magnitude essencial desse esporte, que aglomera, há tempos, algumas das melhores mentes da Humanidade!


(Fonte: Youtube - 2007)

PS: Notaram? Pindorama Futebol Clube, agora de acordo com as normas da ABNT - até em respeito a esse clássico, precursor da Metodologia Científica!

domingo, dezembro 24, 2006

Indecisão

A permanência desse blog vai depender muito do que a minha volátil cabeça decidir, até o próximo dia 01.01.2007. Não esperava que ele se revelasse, logo no primeiro ano, tão anêmico. Desinteressei-me muito por futebol, nos últimos tempos, de forma não sei se surpreendente. Isto porque tenho a impressão de ter inconscientemente planejado esse desinteresse, improvável em outros tempos. Por isso, até o dia 01.01.2007 saberei se este blog terá, ou não, um próspero ano novo - ou pelo menos um ano novo.
Aos poucos que aqui estiveram, meu abraço agradecido.

sexta-feira, maio 05, 2006

Droga! Eu Não Falei?

Eu sou o corvo de mim mesmo. Eu falei que tinha medo do Ademar. Eu disse que o sujeito era vaidoso. Definitivamente, eu sou o corvo de mim mesmo. Prenunciei que era excesso de confiança considerar não ser necessário treinar pênaltis para enfrentar o tarimbado River. Mas nisso, ele tinha razão. Nem precisou treinar. Seu time tomou uma merecida sapatada da equipe portenha. Ele colaborou bastante para isso. Não foi o único, mas colaborou demais, outra vez.
Primeiro, com a já repetitiva implicância com o Roger, deixando-o no banco de reservas, outra vez. Depois, com a frouxa marcação, se é que existiu, sobre Marcelo Gallardo, chamado injustamente, como mostrou, de veterano. Veterano nada, o cara é experiente, habilidoso e milongueiro, isso sim.
Roger mais uma vez entrou e jogou muita bola, mais que Ricardinho, que não está jogando nada, e Carlos Alberto, juntos. Criou jogadas, conferiu dinâmica a um meio-campo cuja criatividade inexistiu, mas já era tarde. Gallardo, por sua vez, jogou o que quis, como quis e na hora que quis. Ademar disse aos repórteres, no final do primeiro tempo, que mandou fazer-lhe marcação especial, mas não foi obedecido. Deveria ter, então, mais pulso e substituir os teimosos. Mas é injusto imputar-lhe com exclusividade o preço da derrota.
O gol de empate do River, por exemplo, foi de uma bizarrice indescritível. A cabeçada de Coelho só não foi pior do que a com a qual Oséas fulminou Velloso, há alguns anos, num jogo do Palmeiras contra o próprio Corinthians, num dos gols contra mais esquisitos que já vi. Mas foi de uma canhestrice de dar dó. Ele cabeceou tal qual um ilusionista e com uma categoria só comparável à dos grandes centroavantes. Só que, como já se sabe, contra o gol de Sílvio Luiz, seu companheiro de time. O segundo, contou com outra presepada, dessa vez do zagueiro Betão, que praticamente ajeitou a bola para Gallardo passar a Higuain e este executar o goleiro corintiano, inapelavelmente. O terceiro, mais uma vez do mesmo Higuain, contou com a participação de Gallardo, que ainda deu espetáculo cadenciando o ritmo do jogo, prendendo a bola no ataque, engodando seus marcardores e dando mais e mais passes perfeitos. Foi o nome do jogo, como Ferrari houvera sido o do primeiro. Todavia, o que mais contou mesmo foi a competência do River.
O time argentino mostrou-se organizado, com os três setores, ao contrário do Corinthians, equilibrados. Disseram que é um time apenas aguerrido, mas não concordo. Pode não ser o River de todos os tempos, pode não ter Di Stéfano ou mesmo Francescolli, mas é muito bom. E matreiro. Daniel Passarella disse ontem que não é o River "nem morto nem candidato" ao título. Imputou essa responsabilidade ao São Paulo, esperto que é. Seu goleiro é espetacular, seus zagueiros são sérios e técnicos, como técnicos são seus meio-campistas e tem um ataque perigoso. E ainda tem o ala Ferrari, que, para mim, joga muito, e Marcelo Gallardo, que há pouco esteve nas pretensões do São Paulo e até eu achei ridícula a intenção do Tricolor. Idiota que sou, como o restante dos corintianos envolvidos, subestimei o cara. No excesso de confiança dessa gente toda, que não percebe a desarrumação tática e administrativa que é o time do Parque São Jorge há muito tempo, Ademar incluso, eu pressenti algo ruim.
Assistir à partida foi como dar um passo rumo ao abismo, mesmo sabendo da queda. Foi me preparar para o desagradável, para a constatação de meu dom premonitório negativista. Definitivamente, eu sou o corvo de mim mesmo.
Só me resta mesmo praguejar.

quarta-feira, maio 03, 2006

Vaidade

O treinador do Corinthians é um sujeito vaidoso. Nunca treinara uma equipe profissional antes, pelo que sei, e agora que treina uma com vários jogadores de destaque, ao invés de adotar uma postura mais condizente com seu início de carreira, banca o arrogante. A última dele foi afirmar que o time não precisa treinar pênaltis, porque isso é situação corriqueira de jogo. E isso tudo às vésperas de disputar a vaga para a próxima fase da Libertadores com o tarimbadíssimo River Plate, dois títulos nas costas (1986 e 1996), que já lhe causou sérios problemas, mesmo desfalcado, no primeiro jogo.
O lateral-direito do River, o ótimo e habilidoso Ferrari, deu um sufoco no lateral-esquerdo Rubens Júnior, provocando o lance do gol de Farias e marcando o seu, logo a seguir. O meio-campo do Corinthians não produziu nada, porque o técnico insiste em achar que Ricardinho e Roger não podem atuar juntos e introduziu no time o ótimo Carlos Alberto, que tem o defeito de prender demais a bola. O time acabou ficando lento no meio, com uma condução de bola que permite sempre ao adversário recolocar-se em campo, impedindo os contra-ataques do Corinthians. Sem contar que Tevez e Nilmar ficaram sacrificados, pois recebem a bola em condições de difícil evolução. O time só melhorou com a entrada de Roger, em lugar de Ricardinho.
Roger rapidamente começou a causar problemas para o River, porque pensa antecipadamente no que vai fazer com a bola, antes que ela lhe chegue. É um meio-campista muito técnico, inteligente e criativo - e que não tem os defeitos de evolução de jogo de Carlos Alberto. Em dois lances mostrou que deveria ter entrado há mais tempo. Porém, não é o que pensou Ademar Braga, o treinador recalcitrante.
Por essas e outras, e por declarações que deu, como as de antes do jogo com o São Paulo, que acabou perdendo, que receio o resultado das decisões de Ademar. Mas o que mais temo é sua presunção. Essa, sem dúvida, pode custar muito caro.